Quantas vezes você já ouviu alguém dizer, depois de ter sofrido um grande trauma, “Foi terrível na época, mas acabou sendo para melhor!” E você realmente acredita que isso é possível? Ou pensa que a frase é apenas uma racionalização que faz com que as pessoas se sintam melhor?
É fácil tirar a prova dos nove, que tal refletirmos um pouco? Quando relembramos nossas adversidades, podemos ver que muitas de nossas lições mais valiosas surgiram de dificuldades e contratempos que tivemos de enfrentar. Então é verdade, paradoxalmente, as adversidades rendem presentes inesperados.
Antes de seguir em frente, vamos dar uma pausa para o óbvio: não estamos fazendo apologia da adversidade e ninguém está dizendo que devemos correr atrás delas .
Por outro lado, é interessante considerar que somos responsáveis por tudo aquilo que acontece em nossas vidas. Já sei agora é o momento em que alguém irá retrucar: “quer dizer que se eu sair de casa e sofrer um acidente fui responsável por isto?” Exato, responsável sim, culpado jamais! Responsável quer dizer que somos responsáveis pela forma como reagimos a tudo o que nos acontece.
E o que a ciência tem a dizer sobre o assunto? Em 2004, Richard G. Tedeschi e Lawrence G. Calhoun, da Universidade da Carolina do Norte Charlotte definiram o conceito do que eles chamaram Crescimento Pós-Traumático (PTG). Neste conceito eles descrevem como a sequência assustadora e confusa do trauma pode gerar um terreno fértil onde bons e inesperados resultados que podem ser alcançados.
Na mesma linha de pesquisa, o psicólogo Mark Seery e colegas analisaram dados de um estudo que abrangeu todo o território dos Estados Unidos e concluíram que, “uma história pessoal pautada em momentos de adversidade é um melhor preditivo de uma boa saúde mental e bem-estar psicológico do que uma história sem qualquer adversidade ou em constante adversidade.”.
Assim, seja através dos estudos científicos ou de nossa própria experiência percebemos que não devemos subestimar os poderes transformadores da adversidade – afinal as dificuldades nos moldam, aprofundam nossa compreensão da vida e de nós mesmos e, e por fim, deixa-nos com mais sabedoria – o fruto saboroso da adversidade.
Mas será que poderíamos encontrar uma receita para fazer com que nossos momentos de adversidade realmente revelem seu tesouro escondido? É isto que nos traz o livro do Dr. Norman e. Rosenthal – O Presente da adversidade.
Em seu livro Dr. Norman apresenta uma série de etapas que possibilitam realizar esta alquimia.
- Aceitação. Neste item somos convidados a deixar de lado pensamentos mágicos tais como: isto não aconteceu, seria tão bom se isto tivesse acontecido em vez daquilo, e tantos outros e se… que nossa mente pode criar e simplesmente aceitar a situação.
- Analisar qual é a reação mais apropriada para o momento. Isto implica em descartar aquelas que são muito exageradas ou as que nos levam a fuga e a inação.
- Pedir opiniões/conselhos de outras pessoas. Aqueles que têm mais experiência de vida ou já passaram por situações similares as nossas podem ser de grande valia.
- Cultivar bons hábitos. Algumas pessoas buscam refúgio nas bebidas, drogas, jogos, mas todos eles só fazem agravar o problema. Bons hábitos ao contrário fazem com que nossa vida se torne mais feliz. Assim, dormir bem, alimentação saudável, socializar-se, exercitar-se e por último e muito importante meditar. No quesito meditação Norman abre um capítulo inteiro sobre a questão, mostrando o quão fundamental esta prática se torna em momentos de adversidades. Pois como ele ressalta a técnica da MT® permite transcender o problema e ao mesmo tempo manter contato com os níveis mais profundos do Ser, que são plenos de criatividade e inspiração, elementos essenciais para alcançar o presente oculto que a adversidade pode nos trazer.
- Pedir ajuda. Quando nos isolamos em nossos problemas perdemos a oportunidade receber ajuda real e de enriquecer nossas relações estreitando os laços que nos unem.
- Organizar os pensamentos através da escrita. Descreva seu problema/desafio e liste soluções. Está é uma poderosa ferramenta para ativação de nosso córtex pré-frontal propiciando um pensamento mais claro e objetivo e uma melhor tomada de decisões.
- Mirar-se em heróis pessoais. Lembre-se das pessoas que você conhece e que passaram por momentos de grandes atribulações e ainda assim saíram bem sucedidos ao final.
Dr. Norman E. Rosenthal, MD é professor clínico de psiquiatria na Escola de Medicina da Universidade de Georgetown. www.normanrosenthal.com.
Assim, quando você se vir diante de uma adversidade, lembre-se que você tem um recurso inestimável, mergulhe no fundo no oceano ilimitado da consciência pura e na volta certamente irá emergir com uma linda pérola.
Eliana
Prof. Certificada de MT®